segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

O hipertexto em questão.

Inicio o texto fazendo uma discussão sobre a intertextualidade, para em seguida poder adentrar na esfera conceitual da hipertextualidade. Parto por esse caminho porque o propósito do texto é fazer uma reflexão sobre o que é hipertextualidade e como estou dando os primeiros passos referentes ao estudo em questão, acredito que se faz necessário discutir as particularidades de ambos.
Assim, entende-se por intertextualidade a presença de determinados textos em outros textos. Isso nos leva a refletir a respeito da coletividade em termos de criação. Neste sentido, Fiorin e Savioli (1996) afirmam: " todo texto é produto de criação coletiva: A voz do seu produtor se manifesta ao lado de um coro de outras vozes que já trataram do mesmo tema e com os quais se põe em acordo ou desacordo." Como bem exemplifica os textos poéticos a seguir:
Meus oito anos- texto 1
Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida,
da minha infância querida..
Que os anos não trazem mais..
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras.
À sombra das bananeiras.
Debaixo das laranjeiras.
Casimiro de Abreu.

Meus oito anos- texto 2
Oh! Que saudade que tenho
,Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua São Antonio
Debaixo da bananeira.
Sem nenhum laranjais!
Oswald de Andrade

.
Percebemos que há uma intertextualidade entre o texto poético de Casimiro de Abreu e o de Oswald de Andrade. Em que o texto 2 cita o texto 1, estabelecendo um diálogo no que diz respeito a estrutura textual e principalmente ao aspecto semântico da subjetividade, ou seja, um texto é construido a partir das teias lingüísticas de outro texto. Entretanto, essa possibilidade de produção e leitura intertextual não permite aberturas hipertextuais.
Esse é um dos princípios que rege o intertexto, já o hipertexto é constituído por nós de informações, esses nós são ligados uns aos outros por links. Essa particularidade abre janelas virtuais de informações e conhecimentos em um texto, possibilitando ao leitor viajar por vários caminhos de acordo com o seu interesse, sem aprisioná-lo a uma caminhada linear. É a metáfora do labirinto em que o leitor caminha, em um ir e um vir, entrecruzando interesses, desejos, pensamentos, enfim o hipertexto oferece ao leitor diversos caminhos para a leitura.
Esse "dilúvio" de informações só é possível devido ao fato do hipertexto ser estruturado por alguns princípios que segundo Lévy são: a metamorfose,constante transformação, que facilita a passagem de leitor a co-autor; a heterogeneidade com uma dinâmica que envolve imagens, palavras e sons; a multiplicidade da composição de redes; a exterioridade confirmando a finalidade operacional; a topologia revelando o aspecto semântico e a mobilidade dos centros com os diversos centros ao mesmo tempo descentralizados.
Assim o hipertexto, com esses princípios, oferece ao usuário um transbordo de informações que poderão ser transformadas em conhecimentos a partir do significado que lhe é dado. Desta forma, o sujeito encontrará no seu percurso uma multiplicidade de tipos de relações, que o fará construtor do seu conhecimento e de uma inteligência coletiva.

2 comentários:

Bonilla disse...

Olá Jeanne,
muito boas tuas reflexões. Diria que são quase artigos. Parabéns!!!!
Só cuide que os autores citados no texto devem estar devidamente referenciados no final dele, de acordo com as normas da ABNT. Tenho certeza que farás uma ótima dissertação. Bom trabalho!!! um abraço

Everton Nery disse...

Textualidade, intertextualidade e hipertextualidade. Isso é a sua cara. Finalmente eu entendi esse troço.
Excelentes os seus textos.
Um xêro no coração.