segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

O paradoxo da inclusão.

A verticalização do processo capitalista remete a simbologia da esfinge em que o sujeito pode ou não ser devorado, caso não decifre os enigmas da dominação perversa com suas conseqüências.É a imagem do paradoxo: de um lado excluídos e de outro incluídos separados por uma frágil e instável dinâmica social. Nesse aspecto, os incluídos e os excluídos encontram-se nessa ambivalência de representações, pois os excluídos podem estar incluídos a uma esfera representativa da sociedade, mas esse mesmo incluído também pode estar excluído a outra esfera social. Essa fragilidade acontece porque no contexto atual não se pode mais pensar e discutir a sociedade no aspecto da coletividade, há a descoletivização que empurra o indivíduo para a margem social. Dramatizando a falta de algo, um indivíduo atonizado, um sujeito individual estando desigual entre os pares de igual.
Nessa dinâmica social de pares iguais e desiguais emerge a necessidade de incluir o indivíduo através de projetos compensatórios, tentando perceber o caminho que o levou a exclusão para cristalizar e dinamizar a concretização de um discurso. Alicerçado nesse fato, 0 poder público está aderindo a políticas públicas de inclusão que vêm em parte minimizar a exclusão, mas não a elimina.
Seguindo essa lógica, apresenta-se propostas de inclusão digital apenas direcionada a organização e implantação de centros de informática, que visam desenvolver apenas competências básicas para poder usar as novas tecnologias, propósito este que dialoga com o objetivo dos programas sociedade de educação. De acordo com esse propósito, as escolas também são incluídas como local de atuação para preparar os sujeitos. Só que essa imposição necessária está tomando caminhos dispares: de um lado, necessário, as escolas possuem laboratórios equipados com computadores conectados com a internet; mas por outro lado insignificante porque a maioria dos professores não faz uso desses laboratórios para trabalhar com seus alunos. O uso do laboratório se restringe às aulas de informática dadas por técnicos sem construção significativa para os alunos.
Para desestruturar essa realidade e partir para um trabalho de inclusão digital seguro, é importante que se implante outras formas de pensar e agir o processo de inclusão digital, em que os professores sejam submetidos a programas de aperfeiçoamento ou conhecimentos, dê oportunidade para que os mesmos tenham acesso a internet e que possa utilizá-la no seu dia-a dia, com pesquisas, com leituras, com planejamento, enfim que o contato com o ciberespaço possa favorecer a construção de conhecimento, ressignificando sua forma de pensar e de agir.
Segundo Bonilla é só fazendo essa imersão que os professores terão condições de propor dinâmicas que possibilitem aos alunos essa messa inserção(2002,p. 48). Assim, os incluídos serão capazes de produzir, questionar, participar, lutar, enfim ser um co-produtor dos seus sonhos e realizações.

3 comentários:

Unknown disse...

oi Jeanne,

Seu texto ficou muito bom, o encadeamento lógico da ideias provoca uma inevitável reflexão.

Percebi que realmente há um paradoxo a partir das suas ideias
iguais X desiguais
cristalizar X dinamizar
excluídos X incluídos
Vamos continar ampliando essa discussão.
1bj

janemarcles disse...

olá Jeanne! Ler seus textos, mesmos sendo sobre assuntos que nos sensibilizam e diga-se de passagem normalmente os temas são desabafos a cerca da desigualdade, da exclusão, da injustiça, da falta de oportunidades, em fim, seus textos mesmos com esses temas, eles mais parecem poesia: encantam, animam, fortalece o leitor na busca novas leituras. E de minha parte que sejam leituras de seus textos.
Sua admiradora
jane
Beijos

Everton Nery disse...

A pergunta é: Serei ou não devorado? Ou melhor: Já fui ou estou sendo devorado?
Ajude-me Santo Agostinho a decifrar o tempo.
Socorre-me você, que é físico a entender a relação espaço-tempo.
Maravilhosa é a tua Graça Senhor, revela-me a verdade. Onde ela esta?
Como encontrá-la? Como percebê-la frente a frente?
Quando muito, eu só vejo um de seus ângulos, mesmo assim de relance.
Parece que paticipo de um grande jogo de esconde-esconde.
Minha vontade agora e escrever mais e mais. Estou extremamente encantado com seus textos, obrigado por escrevê-los.
Um grande xêro no coração.